há 900 anos desde que pediu a um conde-barão que dizia que era Franco
para vir gerir o con dominium metido numa jangada de pedra
que nem afunda nem vai a lado nenhum
a culpa varia de geração para geração
obviamente foi dos salazaristas que nos deixaram de tanga
a culpa é da primeira república com mais governos do que anos de ditadura
a culpa é do caçador simão que foi caçado e de seus patetas alegres
a culpa é do marquês que deixou um vazio de phoder na rotunda
a culpa é da rotunda que se fosse uma praça ou um beco seríamos um povo culto
a culpa é dos funcionários que arranjaram emprego para a vida deixando os restantes sem ele
a culpa é dos desempregados porque se não fossem calões eram funcionários públicos
a culpa é de Dom Afonso e do corno manso seu pai que nos deixou de cinto de castidade
muito apertado ou como se diz agora com o cinto da austeridade com um colhão de fora
a culpa é da liamba e dos sobas de Angola
a culpa é dos guinéus
a culpa é de todo o mundo e ninguém se dá como culpado
o que é perfeitamente natural
os messias e indignados económicos numa crise têm apenas um propósito
fazer tantas previsões que estatisticamente ou acertam numa ou são uns azarados do caralho
we the first ones
nós os ptolomeus egípcios
o extraordinário é o culto ou neoculto de uma geração de revolucionários ecnómicos e logo sociais que aspiram a mudar um sistema sem o saberem compreender
não querem mudar ou reformar um estado burocrático e ineficiente querem destrui-lo mas curiosamente querem manter as estruturas deficientes desse estado
pois têm fé que elas evoluam para algo melhor
